quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Publicar mapas interativos com Tile Mill

Fazer mapas é uma coisa, partilhá-los é outra! Muitas vezes construímos mapas no nosso software SIG desktop, mas quando chega a hora de os partilhar, normalmente exporta-se para JPEG, ou PDF, e, pelo caminho, todas as vantagens associadas à visualização SIG perdem-se, principalmente a interatividade!

Este problema é notório se estivermos a produzir mapas/informação geográfica para dar apoio a pessoas que não são utilizadores SIG, nem estão interessadas (legitimamente - não se pode ser entendido em tudo!) em adquirir as competências mínimas necessárias para tal.

A solução clássica para a interatividade é criar KMLs para visualização no Google Earth, mas mesmo isso tem as suas limitações: não é prático se se tratar de muitos layers, pressupõe instalação/autorização de instalação de um software, e a navegação do Google Earth, apesar de muito boa, não é imediata para utilizadores inexperientes devido às várias rotações de eixos que permite.

Para resolver estas questões existe o Tile Mill, uma aplicação distribuída sob uma licença BSD, e disponível para Windows, Linux e Mac. Este programa tira partido dos estilos CSS misturados com um pouco de Java Script para criar uma linguagem de scripting acessível e intuitiva, denominada   CartoCSS, que permite estilizar,  e posteriormente partilhar, todo o tipo de mapas.

Para demonstrar o quão simples é, aqui fica um pequeno tutorial que exemplifica como em poucos minutos e com apenas dois layers, criei uma mapa iterativo das árvores notáveis de Portugal. Os dados de entrada foram retirados do Atlas do Ambiente.

I - Criar um novo projeto

Uma vez instalado o Tile Mill, começamos por criar um novo projeto.Todos os projetos vêm com um layer de base, denominado "Countries". Vou aproveitar esse layer e adicionar um novo layer que descarreguei previamente para o meu computador: arvoresnotaveis (um shapefile de pontos). Uma vez carregado o layer, desligo a função Autopilot:


Como dados de entrada, o Tile Mill aceita os seguintes formatos: CSV, SHP, KML, GeoJSOM, GeoTiff, e dados provenientes de bases de dados SQLite e PostGIS.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Regulamento Nacional de Interoperabilidade Digital


Foi publicado em Diário da República no passado dia 8 de Agosto o Regulamento Nacional de Interoperabilidade Digital (RNID), que vem regulamentar a Lei 26/2011 que impõe a adopção de formatos de dados abertos pela administração pública.

Isto é uma excelente notícia para todos aqueles que, como eu, já tiveram de passar horrores com dados fornecidos por entidades públicas em formatos fechados. Mas a questão da interoperabilidade é muito mais profunda, e não se resume a conveniencias pessoais e profissionais de cada um de nós. De facto, a questão de fundo, citando  o RNID, é:

"A utilização de formatos abertos (não proprietários) é imprescindível para assegurar a interoperabilidade técnica e semântica, em termos globais, dentro da Administração Pública, na interação com o cidadão ou a empresa e para disponibilização de conteúdos e serviços, criando a necessária independência dos fornecedores ou soluções de software adotadas. [...] contribui para a universalidade de acesso e utilização da informação, para a preservação dos documentos eletrónicos e para uma redução de custos de licenciamento de software."

No que aos Sistemas de Informação Geográfica diz respeito, o destaque vai para a adopção obrigatória dos protocolos web definidos pelo  OGC (Open Geospatial Consortium), nomeadamente WFS, WMS, WPS e WCS.

No entanto, o RNID é omisso relativamente a dados raster e vetoriais. Apenas é recomendada (não sendo por isso obrigatória) a adopção do formato PNG, e tornada obrigatória a adoção do formato SVG para desenhos vetoriais - embora o SVG dificilmente se possa considerar um formato SIG. No caso dos formatos raster, mesmo tendo em conta que alguns dos formatos mais populares, como o TIFF, não tenham um estatuto totalmente clarificadao - apesar da sua generalização, talvez se pudesse ter ido um pouco mais longe na recomendação de alguns formatos.

Independentemente disto, o RNID é sem dúvida um avanço e uma mais valia para os cidadãos e para a economia. A adopção do formato ODF (Open Office) é talvez o símbolo mais paradigmático deste avanço.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Guia de visita ao Vale do Tua

Embora possa parecer um assunto um pouco desfazado do que habitualmente é publicado neste blog, não poderia deixar de partilhar um plano de viagem - e respetivos dados geográficos, claro! - ao vale do Rio Tua (Trás-os-Montes, concelho de Carrazeda de Ansiães) mais propriamente o troço que irá desaparecer debaixo das águas da albufeira da barragem de Foz Tua.


É uma viagem que recomendo vivamente, e que acho que todas as pessoas que tenham possibilidade devem fazê-la. Só assim terão consciência do que realmente se vai perder com a construção da barragem - um património geológico, paisagístico e cultural verdadeiramente sublime. Mas vamos ao que interessa - a viagem, os dados, e como as geotecnologias nos ajudam.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Encontro Quantum GIS (QGIS Day) - Lisboa 2012


Aqui fica o programa e demais informações relativas ao Encontro Quantum GIS (QGIS Day) que irá decorrer em Lisboa no final deste mês. É uma excelente oportunidade de conhecer melhor este fantástico software, uma vez que há a possibilidade de frequentar workshops gratuitamente. Aproveitem (aviso - pode causar dependência!)
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Encontro Quantum GIS, 29 e 30 Outubro 2012
Auditório 8.2.30 - Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa - Edificio C3 (Campo Grande)

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Editar rasters com o GIMP

Certamente muitos de nós já nos deparámos com uma situação relativamente banal mas cuja solução, no mundo SIG, nem sempre é linear. Trata-se de edição de rasters, ou por outras palavras, "pintar" o nosso raster, ou brincar com os contrastes de modo a obter um mapa com o aspecto que estamos a imaginar. 

O programa GIMP pode dar uma ajuda nestas situações, se utilizado em conjunto com um qualquer software SIG. O GIMP é um programa de edição gráfica, com funcionalidades semelhantes às do Photoshop, que é distribuído sob uma licença GNU General Public Licence.

Princípio Geral

Há dois princípios gerais para edição de rasters georeferenciados em aplicações não SIG:

1 - Nunca se pode redimensionar o tamanho da imagem;
2 - A informação relativa à georeferenciação deve estar num ficheiro à parte e não embutida no próprio raster (como acontce por vezes no caso dos GeoTIFF).

Desde que estes princípios sejam respeitados é possível, efetuar, no GIMP, todo o tipo de edições relativas a cores, contrastes e efeitos, em rasters com extensão .tiff; ,jpg; .png; e .bmp.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Dados batimétricos gratuítos

General Bathymetric Chart of the Oceans (GEBCO) é um projecto que pretende (tradução livre): "disponibilizar publicamente o mais vasto e credível conjunto de dados batimétricos dos oceanos". Os dados são mantidos e distribuídos pelo British Oceanographic Data Centre (BODC) e resultam da combinação de varrimentos de sonar efectuados por navios um pouco por todo o mundo, combinados com dados recolhidos por satélite.
Os dados são disponibilizados sob a forma de grids no formato NetCDF (Network Common Data Form) com a resolução de 30 arcos de segundo ou de 1 minuto de arco de segundo.  No paralelo 39, os 30 arcos de segundo significam uma resolução espacial em torno dos 800x800m por pixel. Vejamos então como aceder aos dados.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

SEXTANTE no Quantum GIS - instalação e configuração (LINUX)

Na primeira parte deste artigo vimos como instalar e configurar SEXTANTE no Quantum GIS (QGIS) em sistemas operativos Windows 7. Na segunda parte vamos ver como o fazer em sistemas Linux, tendo por base a distribuição Ubuntu 12.04.

I - Instalação e definições Gerais                                                                                      

A instalação no QGIS do plugin SEXTANTE é idêntica independentemente do sistema operativo em uso. As instruções dadas na primeira parte a esse respeito são válidas para quem estiver a usar Linux. O que muda é a forma de instalar os programas e as configurações de directorias que temos de indicar nas options and configurations do plugin SEXTANTE.

Vamos começar por adicionar o repositórios necessários para instalar alguns dos componentes necessários:

          sudo add-apt-repository ppa:ubuntugis/ubuntugis-unstable
         
Se já tiverem o Quantum GIS instalado então provavelmente já tem este repositório na vossa lista de fontes de software. Caso contrário é porque o Quantum GIS ainda não está instalado e vamos começar por aí. Numa janela de terminal digita-se:

         sudo apt-get install qgis

segunda-feira, 16 de julho de 2012

SEXTANTE no Quantum GIS - instalação e configuração (WINDOWS)


A integração da biblioteca SEXTANTE no Quantum GIS (QGIS) - disponível desde Abril - há muito que merecia uma mensagem neste blog, mas o tempo não dá para tudo, e só agora foi possível dedicar algum tempo a esta excelente notícia.


O SEXTANTE é mais um exemplo das vantagens do Open Source: integra numa única biblioteca algoritmos de análise de vários projectos - também eles de código aberto - GRASS, SAGA, GDAL, ORFEOTAUDEM entre outros. 

A biblioteca SEXTANTE é disponibilizada através de um plugin escrito em Python que dá acesso a mais de 500 funções. Algumas dessas funções são redundantes no sentido em que o próprio QGIS já as disponibiliza nativamente ou através de plugins já existentes, especialmente as funções baseadas na biblioteca GDAL ou os módulos GRASS. Não obstante existem muitas outras para as quais não havia solução nativa no QGIS.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Quantum GIS 1.8 "Lisboa"



Foi oficialmente lançada a versão 1.8.0 do Quantum GIS (QGIS) denominada "Lisboa" uma vez que o desenvolvimento desta versão inciou-se no Developer Meeting realizado em Lisboa em Abril de 2011.

As principais novidades podem ser consultadas nesta página.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Open Street Map em Sesimbra

Na sequência do projecto "Vamos Mapear Portugal" - cujas iniciativas já aqui foram abordadas anteriormente - deixo-vos a informação, tal me foi transmitida, relativamente à próxima OSM Party, que decorrerá em Sesimbra no proximo dia 12 de Maio. Desde já uma nota de agradecimento aos promotores pelo envio desta informação.

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A Associação Software Aberto para Sistemas de Informação Geográfica (OSGEOPT) está a organizar uma atividade nacional designada, Vamos Mapear Portugal, para promover a recolha de dados entre voluntários de todo o país para se criar o melhor mapa de sempre de Portugal sobre uma aplicação livre designada Open Street Map, que disponibiliza mapas de todo o mundo através da internet, e através das tecnologias móveis que utilizamos nosso dia a dia, vamos realizar em Sesimbra uma atividade para enriquecer o mapa da vila (nomeadamente nomes de ruas e pontos de interesse turístico). 

A atividade em Sesimbra é já no próximo dia 12 de Maio na Biblioteca Municipal (Sala multimédia durante todo o dia).
A atividade é composta por um período de trabalho de campo e trabalho de inserção de dados nos computadores.
Todos são bem-vindos, vamos criar o melhor mapa de sempre de Sesimbra.
Mais informações disponiveis em Facebook - Vamos Mapear Portugal

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Formação: Sistemas de Informação Geográfica em Arqueologia

Para todos os interessados em iniciarem-se no mundo dos Sistemas de Informação Geográfica, deixo aqui uma nota para uma acção de formação que irei realizar - a convite do Campo Arqueológico de Mértola (CAM) - nos dias 7, 8 e 9 de Junho, nas instalações do CAM.

Intitulada "Sistemas de Informação Geográfica em Arqueologia - Dados e Métodos", a formação  (21 horas), está integrada no ciclo de cursos livres promovidos pelo CAM para este ano, intitulado "Técnicas de Registo em Arqueologia". Poderão consultar a lista completa dos cursos aqui.


Aui fica o programa. Podem contactar-me em caso de dúvidas relativas ao programa e conteúdos a abordar.

terça-feira, 6 de março de 2012

Aster GDEM

Aster GDEM  (Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer Global Digital Elevation Model) é uma iniciativa conjunta da NASA e do Ministério da Economia, Indústria e Transportes do Japão que visa disponibilizar gratuitamente um modelo digital de elevação para todo o mundo. Características chave:

  • Dados são disponibilizados em segmentos de 1º de latitude por 1º de longitude;
  • Resolução Espacial típica na ordem dos 27m;
  • Precisão altimétrica na ordem dos 7 a 14m;

Recentemente, a 3 de outubro, foi lançada a versão 2 que conta com vários melhoramentos, especialmente no que concerne a resolução e pequenas anomailas.

Vejamos então como obter um modelo digital de elevação a partir de dados ASTER- GDEM

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Notas sobre o Workshop Open Street Map

Conforme aqui referido anteriormente, decorreu nos dias 11 e 12 de Fevereiro, em Torres Vedras, nas instalações da ALT - Sociedade de História Natural, um Workshop em Open Street Map (OSM) integrado na iniciativa "Vamos mapear Portugal" e orientado pelo Victor Ferreira, veterano do OSM e membro conselheiro da OSGeo-PT.

Embora já haja algum historial de OSM Partys em Portugal, tanto quanto sei foi a primeira vez que se testou um modelo misto - uma componente de aprendizagem e uma outra de aplicação, idêntica a qualquer outra OSM Party.

O workshop contou com 9 intrépidos participantes que corajosamente enfrentaram o frio da rua (e da sala) com vista a melhorar o mapa de Torres Vedras. A animação que aqui deixo, preparada pelo Fernado Ribeiro, dá uma boa ideia dos resultados práticos do workshop:

Photobucket


terça-feira, 31 de janeiro de 2012

N.º 4 da revista FOSSGIS Brasil

Saíu o número 4 da revista FOSSGIS Brasil. O destaque desta edição vai para os metadados - um artigo da autoria de George Silva e André Mendonça que já tive a oportunidade de ler e recomendo. Aqui fica então o link para descarregarem a revista (clicar na imagem).



quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Workshop Open Street Map

Irá decorrer, nos dias 11 e 12 de Fevereiro, em Torres Vedras, um workshop dedicado ao Open Street Map (OSM) - projecto que pretende mapear todo o globo com recurso aos contributos de cidadãos de todo o mundo.


O workshop, integrado na iniciativa "Vamos mapear Portugal", é promovido pela OSGeo-PT e pela ALT - Sociedade História Natural (ALT-SHN) que cederá a biblioteca para os trabalhos de edição e sessões teóricas.

O modelo do evento é misto: por um lado é uma OSM party, mas por outro tem uma componente de aprendizagem (daí ser workshop) que pretende que todos os participantes saiam deste fds de convívio com competência e autonomia para começar a mapear.

Há um limite máximo de 16 participantes (contingências da sala). 

Mais informações e incrições aqui

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

wxGIS 0.4 - alternativa aberta ao ArcCatalog

Foi lançada a versão 0.4 do wxGIS, um software muito útil que permite navegar pelas directorias onde temos armazenados os nossos dados geográficos e visualizá-los e manipulá-los de forma rápida e intuitiva. A grande vantagem de uma aplicação deste género é que permite visualizar e organizar os nossos dados sem precisarmos de os abrir no nosso software SIG Desktop.

O wxGIS é distribuído com uma licença GNU GPL v3, e tem na sua base a inultrapassável e insubstituível biblioteca GDAL - Geospatial Data Abstraction Lybrary, uma colecção de drivers de uso livre (dentro dos termos da licença MIT/X) para abrir, criar e manipular uma longa lista de formatos raster e vectorial.

Uma das características simpáticas do wxGIS é o facto de não requerer instalação, e por isso mesmo ser altamente portátil: basta descomprimir o arquivo .zip disponível na página do projecto para a directoria que desejarmos ou para um pen/disco USB e podemos correr o programa abrindo o aplicativo wxGISCatalog. Existe igualmente uma versão para Linux, mas sem a portabilidade, ou seja tem de ser instalada e não corre a partir de uma simples pen.


Vejamos algumas das coisas interessantes que este programa pode fazer.